
Quando “Hipertensão” estreou, saiu aqui um elogio. O programa da Globo apresentado por Glenda Kozlowski prometia um apanhado de provas de resistência física criativas, um grande jogo bem produzido. Cumpriu. Boninho tinha anunciado também competições envolvendo cardápios heterodoxos durante as brincadeiras de sobrevivência: faz parte deste tipo de programa provocar no público uma certa sensação de repulsa. Só a vinheta de apresentação, com os participantes pelados, causou estranheza. Mas parecia um detalhe.
Não era. Poucos programas mais tarde, “Hipertensão” pegou um caminho surpreendente, investindo na associação óbvia entre erotismo e terror sem qualquer sutileza. No último domingo, a primeira prova envolvia mulheres trancadas num caixão com baratas, ratos, aranhas e cobras. Paralelamente, seus pares, usando apenas uma sunga, procuravam a chave da tumba num recipiente repleto de gelo. A câmera dava closes na farra da bicharada passeando pelos seios e pelas você sabe o quê das meninas, que estavam algemadas e de biquíni. Os gritinhos e o figurino lembraram um pouco aquele quadro da “Banheira do Gugu”.
Eletrizante? Inegável. Mas também estranho. A impressão era que, a qualquer momento, soaria a voz tonitruante de Zé do Caixão anunciando: “Essa noite encarnarei no teu cadáver.” O resultado só não é pior porque trata-se de uma produção de alta qualidade. Mas a serviço do quê mesmo?
KOGUT
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